maio 07, 2011

Direita ou esquerda.


O caminho é negro, assustador, melancólico, mas tem que ser percorrido.


As pessoas são diferentes, orgulhosas, independentes, mas precisam andar juntas.



Por horas caminhavam em um passo lento por entre as paredes daquele labirinto.
Ela se sentia enjoada.
Ele estava mais preocupado com o que ela estava pensando a respeito daquele labirinto que se encontravam, do que em achar a saída.

Eles andavam devagar sem quase trocarem palavras ou olhares.
O caminho se dividia a todo momento, e ele estava tomando as decisões, pois a moça não expressava nenhuma reação de escolher um caminho.
Aquela situação estava ficando quase insuportável. O caminho não terminava nunca. Ela quebrou o silêncio:

- Nós já passamos por aqui umas mil vezes. Lá atrás deveríamos ter entrado a esquerda.

Ele a olhou irritado. Sabia que era questão de tempo até brigarem. Ninguém consegue conviver muito tempo sem uma hora dizer realmente o que pensa:

- Agora que você fala? Estou indo por onde me parece certo. Eu não sabia que estava errado, e se você sabia poderia ter me dito.

Ela pareceu não se conformar com aquilo que ele dissera, afinal de contas estava só tentando ajudar. Virou as costas e começou a caminhar na frente sem espera-lo.

Vendo ela virar as costas, percebeu que aquele caminho seria mais longo do que imaginava. Apressou-se e a puxou pelo braço:

- Agente precisa ficar junto. Separados as coisas vão ser bem piores.

- Será mesmo?

- O que você acha?

- Acho que sobreviveríamos separados.

Silêncio.

Não imaginava que aquilo tomaria uma proporção tão grande. Seria o fim?

-Faça como achar melhor. E espero sinceramente que encontre seu caminho.

Chegando a primeira bifurcação, cada um tomou um caminho.

Ela o olhou virar as costas e sentiu um nó na garganta, mas era orgulhosa demais para voltar atrás. Estava feito, agora era só ela e ninguém mais. Não precisava de ninguém, sempre fora assim. Não queria depender dele para as coisas, mas o simples fato de estarem juntos, a confortava. Uma lágrima escapou de seu olho. Continuou o caminho.


 Ele estava desesperado. Onde tinha errado? Sempre fizera de tudo para ficarem bem. Os caminhos errados não eram totalmente de sua responsabilidade, afinal de contas ele nunca tinha entrado naquele labirinto. Tinha que seguir sozinho. Pela primeira vez estava totalmente sozinho. Odiava aquilo, mas com fé seria uma situação rápida, agora que estava sozinho ele perdeu o medo de errar e seguiu totalmente sua intuição.
Algum tempo depois ele encontrou a saída.

Estava fora daquele labirinto. Mas tinha perdido a garota.
Não sabia o que era pior, ficar lá dentro perdido com a garota, ou fora do labirinto sem ela.

Ela andou por muito tempo dentro daquele labirinto e ao faze-lo lembrou-se de cada momento que passaram juntos. Com certeza preferiria estar com ele. Talvez nunca mais achasse a saída, mas o que lhe confortava era saber que ele nunca saberia se ela encontrou a saída ou não.
 Após alguns anos ela encontrou a saída.

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Qual é o caminho certo?

Pessoas diferentes vêem caminhos diferentes... Alguém está errado, ou só leva um pouco mais de tempo para encontrar a saída?

2 comentários:

  1. Léo, você escreve como profissional, sério, é como se me perguntasse "Qual seu autor favorito?" e eu diria " Ligya Fagundes Telles, Clarice Lispector, Vinicius de Moraes e Leonardo Silva".
    Quem sabe eu não leia um romance seu um dia, ou você lê um meu, ou quem sabe, não escrevemos um.
    Incrivel!

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  2. realmente, ele é um contista profissional, boa estória, gostei.

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