Poesias

Hoje estive no MASP.


Como não conhecia o lugar, estava empolgado.


Não pela exposição francesa "O Realismo" mas por conhecer um local de São Paulo que eu não tinha tido oportunidade de ir.


Fui com minha madrinha que adora Artes. Na porta, um Homem com um violão nas costas, uma barba cumprida, roupas meio rasgadas veio até ela e falou: "A senhora gosta de poesias?"


Pra variar ela nem respondeu (Arrogante, nem parece comigo), o Homem então me perguntou: "E você amigo, gosta de poesias?" e me ofereceu um papel, eu respondi na hora: "Claro cara, gosto sim...." estendi a mão na maior humildade e peguei o papel, já estava abrindo pra ler, já tinha até um plano , fingir que ia ler, ou dar uma lidinha rápida e falar.... "Muito bom, amigo, talentoso você" mas não foi isso que aconteceu.


"É amigo, então só quero uma caixinha pra tomar um café..." vendo minha cara de besta que fui na seca que era de graça ele completou, "Pra ajudar um velho artista!".


Filho da Puta, me enrolou, se eu der as moedas que eu tenho no bolso vou ter que trocar 50 conto pra voltar pra casa, mexi no bolso como se tivesse casando um tesouro, tirei uma moeda de 1 real e já ia dar a ele, mas o cara foi mais além..... "Amigo essa poesia eu te vendo por 2 reias!".


Eu devo ter cara de besta não é possível... eu ia devolver a droga do papel, mas tinha muita gente olhando, e a timidez falou mais alto, e eu com um sorriso falso, procurei mais moedas no bolso e achei o dinheiro, "Toma grande!".... fui andando pra dentro do MASP, tudo bem ter ajudado um artista de rua, afinal ele não está pedindo, abri o papel e li o 1º verso..... Maldito artista de rua, além de me extorquir 2 reias, ele me lança essas poesias sem nexo!

Vou colocar aqui (sem cobrar nada) algumas das poesias do Artista!






"Flores Desorientadas" (?)

O Nome da flor

Perto de uma flor sem nome,
Vi outras flores sem nome,
Não ter nomes, eu sabia,
Era apenas não ter nomes. (?)
Eu não sabia o nome do nome,
Não sei os nomes do homem,
Assim não importam os nomes
Das flores que eu sabia. (lindo)

Rochas

A rocha não se moveria,
Não chuta, não adianta,
Não se convenceria. (sério?)

A rocha não saberia,
Não fala, não xinga,
Não me ouviria

(tem sentido)

Sapo (minha preferida)

O sapato engraxado não
Reclama poemas.
Se reclamasse, eu não
Saberia ninar. (com certeza)
Sou a avenida das
Cores descoloridas.
O choro da moça vem
Constranger o bem:
Palavras sempre frias,
Tristes e cativas.

(Por que diabos o nome do poema é sapo?)

Tirando as brincadeiras esse foi o trabalho de Antonio Luiz Junior (Tony).
Tem que ter coragem para fazer um trabalho independente e sobreviver em São Paulo!

Sou seu primeiro fã "Amigo".